Fonte: EPBR

Um novo ataque aéreo americano atingiu um comboio em Bagdá na madruga de sexta para sábado (horário local). Primeiras informações da TV estatal do país afirmaram que uma liderança não identificada da milícia iraquiana pró-Irã Hashd al-Shaabi estaria entre as vítimas, mas a informação foi negada pelo grupo, de acordo com informações da Al Jazeera.

O ataque ocorreu menos de 24 horas após um bombardeio confirmado pelo Pentágono ter matado Qassem Soleimani, em Bagdá. De acordo com a Reuters, citando fontes militares, o novo ataque deixou seis mortos, ainda não identificados.

No Brasil, a Petrobras afastou a necessidade de reajustes imediatos de preços dos combustíveis, nesta sexta (3). “A empresa seguirá acompanhando o mercado e decidirá oportunamente sobre os próximos ajustes nos preços”, informou, em nota.

No mercado futuro, o preço de referência utilizado pela companhia, o , registra valorização de 3,64%, cotado a US$ 68,66, no momento do fechamento deste texto.

A postura da Petrobras é a mesma que adotada em setembro, quando instalações da Saudi Aramco foram atacadas ameaçando o suprimento de óleo saudita. Os preços do Brent chegaram a valorizar mais de 14% na reação imediata a uma ameaça ao abastecimento global.

Com a confirmação da morte, pelos EUA, do comandando das forças de inteligência do Irã, Qassem Soleimani, o Brent atingiu a máxima de US$ 69,48 (+4,8%), maior cotação desde abril do ano passado. O WTI atingiu US$ 64,08 (+4,7%).

Na quinta (2), um ataque aéreo autorizado por Donald Trump matou o comandante da Quds, força especial da Guarda Revolucionária do Irã, Qassem Soleimani, e o iraquiano Abu Mehdi Al Muhandis, liderança militar pró-Irã.

O Itamaraty classificou Soleimani como terrorista e diz que o Brasil não pode “permanecer indiferente a essa ameaça, que afeta inclusive a América do Sul”. Em nota, o ministério de Ernesto Araújo afirmou que o país “está igualmente pronto a participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos neste momento”.

“O Brasil acompanha com atenção os desdobramentos da ação no Iraque, inclusive seu impacto sobre os preços do petróleo, e apela uma vez mais para a unidade de todas as nações contra o terrorismo em todas as suas formas”, afirma a nota.

A preocupação inicial do presidente Bolsonaro é com o impacto nos preços dos combustíveis no Brasil, mas ele afirmou à jornalistas nesta sexta (3) que tentou, mas não conseguiu falar com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

“Que vai afetar, vai. Agora vamos ver o nosso limite aqui”, disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.

Ataque coloca tropas em alerta

A morte de Soleimani desencadeou reações por todo o Oriente Médio. Líderes iranianos falam em retaliação após o ataque. Tido como um sucessor natural de Hassan Rouhani na presidência do Irã e próximo da liderança religiosa do país, o aiatolá Ali Khamenei, Soleimani era considerado um herói nacional.

“Se deus quiser, sua obra e seu caminho não vão parar aqui e uma vingança implacável espera os criminosos que encheram as mãos com seu sangue e a de outros mártires”, afirmou Khamenei, nesta sexta (3).

A Rússia emitiu uma nota oficial condenando o ataque. “O assassinato de Soleimani, como resultado de um bombardeio em Bagdá, é um passo aventureiro que levará ao aumento da tensão em toda a região”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em comunicado.

Israel, por sua vez, apoiou a decisão de Donald Trump, que levou a morte de Soleimani. “Da mesma forma que Israel tem o direito de autodefesa, os EUA têm exatamente o mesmo direito. Qasem Soleimani é responsável pela morte de cidadãos norte-americanos e muitas outras pessoas inocentes”, afirmou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

O temor é que forças paramilitares pró-Irã intensifiquem ataques aos aliados americanos na região, notadamente Israel e Arábia Saudita – que em novembro foi alvo de um atendado que danificou importantes plantas de petróleo da Saudi Aramco.

Em diferentes momentos, a tensão geopolítica na região e os conflitos indiretos entre EUA, seus aliados e o Irã impactaram os preços do petróleo em 2019. O Irã tem uma posição estratégica sobre o controle do Estreito de Ormuz, rota vital de escoamento do Golfo Pérsico.

O ataque americano, de acordo com o Secretário de Estado, Mike Pompeo, foi necessário para impedir um atentado iminente a posições dos EUA no Oriente Médio – nesta semana, a embaixada americana no Iraque foi invadida e tanto Soleimani quando Al Muhandis são apontados pelos EUA como peças-chave da rede de apoio iraniana a organizações políticas e militares que autuam no Oriente Médio.

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