Fonte: A Gazeta

As filas em busca do gás de cozinha são cada vez mais comuns, reflexo da dificuldade que tem sido encontrar botijas nas últimas semanas. Algumas revendedoras da Grande Vitória já sofrem com a falta de GLP, justamente no momento em que muitas famílias estão em casa, por conta da pandemia de coronavírus. Mas afinal, por que tem sido tão difícil encontrar gás de cozinha no Espírito Santo?

A falta do gás de cozinha está ligada a redução da produção de gasolina e diesel. Com mais gente em casa e menos pessoas circulando de carro, foi preciso reduzir a produção de petróleo. Só que o GLP (gás liquefeito de petróleo) é produzido nas mesmas refinarias em que é produzida a gasolina. Assim, menos gasolina significa menos gás de cozinha.

“A Petrobras teve que reduzir a produção de petróleo diante da redução da demanda de gasolina e diesel, consequência do isolamento social e da crise do petróleo. A empresa reduziu produção de plataformas e refinarias”

“O problema é que o GLP é produzido, na sua maioria, em poços de petróleo. São poucos os poços que produzem apenas gás. E nas refinarias, o GLP entra na mesma fase de produção da gasolina, por esse motivo, quando o volume de um é reduzido, o do outro também é”, explica Valnísio Hoffmann, coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro).

Hoffmann lembra ainda, que o medo de ficar sem gás em casa tem feito algumas pessoas estocarem o produto, o que só serve para agravar o problema.

“Com as medidas de isolamento, muitos brasileiros passaram a fazer refeições em casa e pelo medo de faltar,  alguns consumidores decidiram estocar botijões em casa, com medo de interrupções no abastecimento. A corrida por gás levou a problemas de falta do produto em algumas localidades. Até mesmo os preços subiram em função desta procura.  Por sua vez, a Petrobrás vem produzindo menos gás de cozinha porque teve que reduzir as operações das refinarias para evitar gargalos no estoque de outros combustíveis”, completa.

REVENDEDOR ESTÁ HÁ UMA SEMANA SEM GÁS

A falta de gás é uma realidade, principalmente no pontos de venda menores. Em Resitência, Vitória, Wellington Resende está há uma semana vendendo apenas galões de água, porque está sem gás de cozinha para revender.

“A demanda está muito alta, não estão dando conta de abastecer todo mundo. As distribuidoras maiores acabam conseguindo, mas as menores acabam ficando sem o produto. Tem uma semana aproximadamente que eu não recebo gás”, conta.

Na Serra, uma revendedora do bairro de Fátima está desde sábado (18) com o estoque de gás zerado. “Quando vem, ‘vem pingando’ e não dá para todo mundo. A última vez veio 20 botijas, em menos de meia hora acabou tudo. Todos os dias tem gente ligando, preocupada com a falta de gás. A maioria dos lugares está em falta. Desde sábado que estamos sem gás e não tem previsão de chegar”, contou uma funcionária que não quis se identificar.

APENAS UM BOTIJÃO DE GÁS POR PESSOA

Até nas distribuidoras maiores tem sido difícil encontrar gás para comprar. Para atender o maior número de pessoas, os locais tem limitado a compra a um botijão por pessoa.

“Chegam mais ou menos 200 botijas por dia e sempre acaba tudo. Pela manhã estamos sempre sem botija, porque o estoque só é reposto no começo da tarde. Tem sido assim desde a semana passada”, relata Michelli Ribeiro, funcionária de uma distribuidora no bairro Joana D’arc, em Vitória.

Por lá é comum se formar uma longa fila de carros, em uma espécie de drive-thru de gás.

“Todo mundo é atendido no carro. Eles entram no depósito e os meninos colocam o gás direto no porta-malas, assim ninguém tem contato com ninguém. Limitamos a compra de um gás por CPF”, afirmou.

PETROBRÁS IMPORTA GÁS E DIZ QUE NÃO É NECESSÁRIO ESTOCAR

Por nota, a Petrobrás informou que está aumentando a importação de GLP (gás de cozinha) para garantir o suprimento do mercado e que não falte produto para população.

“Além dos três navios que já descarregaram em Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Ipojuca (PE) desde o dia 30/03, a Petrobras está importando mais duas cargas que totalizam 62,9 mil toneladas de GLP, equivalentes a 4,8 milhões de botijões de 13 kg. A quarta embarcação chegou em Ipojuca (PE) no dia 10/4 e a quinta embarcação deixou a Argentina neste sábado 11/04 e deve chegar em Paranaguá (PR) no dia 16/04. A companhia reforça que não há risco de falta do produto nem qualquer necessidade de estocar botijões de GLP. Com duas novas cargas, a companhia terá importado o equivalente a 11,4 milhões de botijões P13 para o mercado. O volume total contratado em abril para importação é de 350 mil toneladas, equivalentes a 27,4 milhões de botijões de 13 quilos”, diz a nota.

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