Fonte: Sindigás

Os reajustes do botijão de gás criaram uma convicção generalizada, totalmente equivocada, de que o produto é caro e a energia elétrica, tão custosa quanto, ou mais, seria uma alternativa mais econômica ao GLP. Esse pensamento é resultado da proliferação de matérias jornalísticas que apontam a energia elétrica como uma saída à alta do gás de cozinha. Dependendo da forma como o cálculo é construído, pode até ser. Mas é preciso observar que os números para validar tais afirmações são feitos a partir de situações atípicas, que chegam a ser cômicas, de tão desastradas.

Recentemente, uma dessas reportagens mostrava a economia de fazer pão de queijo na airfryer em comparação ao forno a GLP. Ok, mas depende da quantidade. Não se pode comparar a capacidade minúscula de uma airfryer com a de um forno do fogão a gás, mesmo os dos pequenos. Se for para assar meia dúzia de pães de queijo, o custo em um equipamento elétrico pode ser mais baixo. Não obrigatoriamente o é. A reportagem não disse que a economia existe apenas se a airfryer for usada no horário da tarifa convencional. Se o incauto consumidor resolver assar seus pães no horário da tarifa intermediária ou de ponta, que pode custar de 50% a 90% a mais, sem saber ele amargou um prejuízo. Por fim, fica a pergunta: qual é a família que se reúne para lanchar e consome uma “fornada” de apenas meia dúzia de pães de queijo?

A mesma reportagem citava as vantagens do uso do chuveiro eletrônico, isso mesmo, chuveiro eletrônico. Chuveiro elétrico é parte da maioria dos banheiros residenciais que contam com água aquecida para banho. Mas quantas famílias dispõem de um chuveiro eletrônico? Certamente pouquíssimas. A matéria ainda comparava água aquecida a meia potência, e não cita a que temperatura, ou ainda se o banho seria confortável. Vê-se uma tentativa de reunir apenas as condições que demonstrariam a energia elétrica em vantagem comparativa. Porém, as situações em que elas ocorrem são muito distantes da rotina e da realidade das famílias brasileiras.

Não se trata aqui de enaltecer o GLP. É fato que o botijão de gás subiu muito acima da inflação nos últimos anos, mas não se pode negar que ainda continua sendo a opção mais vantajosa para o consumidor na hora de preparar suas refeições e aquecer a água do banho. Apenas para ilustrar: no Rio de Janeiro, quem quiser assar um bolo no seu forno a GLP, em 40 minutos, vai gastar R$ 0,44; em São Paulo, o consumidor paga R$ 0,49. O custo da energia elétrica para assar o mesmo bolo, no mesmo tempo, mas em forno elétrico, é de R$ 0,96, no Rio, e R$ 0,84, em São Paulo – respectivamente, 118% e 71% mais caro que o GLP. Isso na melhor das opções, se o consumidor decidir preparar o bolo no horário em que a energia elétrica é mais barata.

Preciso me referir às vantagens do GLP também naquelas situações de não uso da energia. No caso do gás natural e da energia elétrica, ainda que a família consuma absolutamente nada ao longo de um mês, por exemplo, terá que pagar uma taxa mínima pela disponibilidade do serviço. O mesmo não acontece com o GLP.

Outra vantagem é que tanto a energia elétrica quanto o gás natural não permitem a pesquisa de preços antes da compra. O vendedor estipula o preço e ponto final. Sem a existência de outro fornecedor daquele produto, o consumidor perde seu poder de negociação. Já com o GLP, é possível pesquisar preços, trocar de fornecedor sem qualquer burocracia. Isso também se traduz em potencial de economia, e principalmente liberdade.

Para quem acha que o GLP está caro, a má notícia é que o gás natural e a energia elétrica, no uso doméstico, estão ainda mais caros. O consumidor precisa, portanto, ficar atento a falsos alertas.

Sergio Bandeira de Mello – Presidente do Sindigás

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