Fonte: ONU / imagem: Pixabay

Um novo relatório que monitora os progressos em direção ao fornecimento de energia moderna e acessível para todos até 2030, mostrou que atualmente 733 milhões de pessoas ainda não têm acesso à eletricidade.

No ritmo atual de eletrificação, cerca de 8% da população mundial permanecerá sem acesso à eletricidade em 2030, cerca de 670 milhões de pessoas. A pandemia de COVID-19 e guerra na Ucrânia estão entre os desafios a serem superados para que haja avanço nesta meta.

O relatório foi produzido pelo Banco Mundial, Organização Mundial da Saúde (OMS), Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD), em parceria com a Agência Internacional de Energia (IEA) e a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).

Atualmente, 733 milhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso à eletricidade e 2,4 bilhões de pessoas ainda cozinham usando combustíveis prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. No ritmo atual de progresso, 670 milhões de pessoas permanecerão sem eletricidade até 2030 – 10 milhões a mais do que o projetado no ano passado.

As descobertas são da edição de 2022 do relatório especializado em acompanhar os progressos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 7 (ODS 7). O documento “Tracking SDG 7: The Energy Progress Report” (disponível em inglês) monitora os esforços globais para garantir o fornecimento de energia moderna e acessível para todos até 2030.

O estudo foi produzido pelo Banco Mundial, Organização Mundial da Saúde (OMS), Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD) e outros parceiros como a Agência Internacional de Energia (IEA) e a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).

Apesar do levantamento mostrar avanço na proporção da população global com acesso à eletricidade– este número aumentou de 83% em 2010, para 91% em 2020– para atingir a meta determinada para 2030 é preciso aumentar o número de novas conexões para 100 milhões por ano. Se o atual ritmo for mantido o mundo atingirá apenas 92% de eletrificação.

Pandemia – Segundo apontou o relatório, um dos motivos que impediu um maior avanço no cumprimento das metas do ODS 7 foram os impactos da COVID-19. Entre os efeitos da pandemia estão os bloqueios e interrupções de fornecimento na cadeia de suprimentos e elevação nos preços dos alimentos e de combustíveis, que afetaram diretamente o progresso. O texto destaca que a crise de saúde não só gerou atrasos como até mesmo retrocessos em alguns países.

A invasão russa da Ucrânia também agravou a situação, pois levou à incerteza nos mercados globais de petróleo e gás, além de aumentar os preços da energia elétrica.

Neste contexto, as nações mais vulneráveis ​​do mundo foram particularmente prejudicadas. Quase 90 milhões de pessoas na Ásia e na África, que anteriormente tinham acesso à eletricidade, não podem mais pagar pelo consumo básico.

O novo relatório ainda apontou que a África continua a ser a região menos eletrificada do mundo, com 568 milhões de pessoas sem acesso. A participação da África Subsaariana na população global sem eletricidade aumentou de 71% em 2018, para 77% em 2020. A região também soma 36% dos 2,6 bilhões de pessoas que não têm combustíveis limpos de cozinha.

Embora o número de pessoas que têm acesso a combustíveis e tecnologias limpas para cozinhar tenha alcançado a marca dos 70 milhões em todo o mundo– crescimento de 3 pontos percentuais em relação à última avaliação–, esse progresso não foi suficiente para acompanhar proporcionalmente o crescimento populacional, principalmente na África Subsaariana.

Já na América Latina, os dados mostram que a região está avançando na implementação do ODS 7, mas os impactos negativos na economia causada pela pandemia limitaram os progressos. No geral, o acesso à eletricidade na região é de 97,4%, mas em muitos países mais de 10% da população ainda não tem acesso a combustíveis adequados para cozinhar.

Apelo – Os autores do relatório lembraram, na publicação, que o Diálogo de Alto Nível sobre Energia realizado em setembro, reuniu governos e partes interessadas para acelerar as ações para alcançar um futuro energético sustentável que não deixasse ninguém para trás.

Os parceiros incentivaram a comunidade internacional e os formuladores de políticas a assegurar que as metas do ODS 7 sejam cumpridas, pedindo comprometimento com a ação contínua em direção à energia acessível, confiável, sustentável e moderna para todos. Eles também pediram para que o foco seja mantido nos países que precisam de mais apoio.

“O financiamento público internacional para energia renovável precisa ser acelerado, especialmente nos países mais pobres e vulneráveis. Não conseguimos apoiar os mais necessitados”, disse o diretor-geral da IRENA, Francesco La Camera. “Faltando apenas oito anos para cumprir a meta de acesso universal à energia sustentável e acessível, precisamos de ações radicais para acelerar o aumento dos fluxos financeiros públicos internacionais e distribuí-los de forma mais equitativa, para que 733 milhões de pessoas que estão atualmente para trás possam desfrutar dos benefícios do acesso à energia limpa”, declarou.

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