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O novo governo prorrogou a suspensão dos impostos federais — PIS/Pasep, Cofins e Cide — sobre os preços da gasolina por 60 dias. Mesmo assim, relatos sobre aumentos do valor nas bombas levaram o Cade, órgão que regula a concorrência no país, a instaurar inquérito para averiguar indícios de “ação orquestrada” na virada do ano.

Ao mesmo tempo, mudanças na forma de cobrança do ICMS — um imposto estadual — impactam o valor de gasolina, diesel e gás.

Entenda, abaixo, o que está acontecendo com o preço dos combustíveis:

Prorrogação de impostos federais

Em 2022, o governo Jair Bolsonaro eliminou a cobrança de tributos federais (PIS/Pasep, Cofins e Cide) para reduzir o preço dos combustíveis nas bombas no período eleitoral. A isenção, porém, tinha data para acabar: 31 de dezembro.

Ao assumir, o governo Lula prorrogou as desonerações, com os seguintes prazos:

Gasolina, etanol e gás veicular: serão isentos dos tributos federais por 60 dias, ou seja, até 28 de fevereiro.

Diesel, gás de cozinha (botijão e gás natural) e biodiesel: a isenção valerá por um ano, até 31 de dezembro.

ICMS

Nova alíquota: em outra investida para baixar o preço do combustível, o Congresso, com o apoio do governo Bolsonaro, fixou no ano passado um teto para o ICMS sobre combustíveis de 17% ou 18%, dependendo do estado. Isso não mudou.

Preço de referência: a mesma lei que fixou um alíquota menor para o ICMS definiu também que o preço de referência sobre o qual incidiria o imposto levaria em conta uma média dos últimos cinco anos. Isso na prática reduziu o valor final dos combustíveis, já que o petróleo subiu com força em 2022. Esse alívio porém tinha data para acabar: 31 de dezembro de 2022.

Como é agora: o preço de referência voltou a ser calculado com base em pesquisas quinzenais realizadas em todo o país. A pesquisa mais recente, de 26 de dezembro, que baliza a cobrança do ICMS para o início de janeiro, indica valor maior para a gasolina em 19 unidades da federação. No diesel, a alta ocorreu em 26 unidades da federação.

E o que vem por aí?

Gasolina e etanol: em março, volta a cobrança de tributos federais. Na gasolina, o impacto estimado é de R$ 0,79 por litro. No etanol, de R$ 0,33.

Nova política da Petrobras: o futuro presidente da estatal, Jean Paul Prates, já afirmou que vai mudar a política de preços da estatal. A expectativa do governo Lula, ao prorrogar as isenções de tributos federais até fevereiro, é que a nova sistemática da estatal alivie o impacto da volta dos impostos.

Em abril: começa uma nova sistemática de cobrança do ICMS, com alíquota monofásica, cobrada apenas uma vez, no início da cadeia, no caso, na refinaria. E será também uma cobrança chamada no jargão tributário de ad rem, ou seja, em valor fixo em reais, e não em percentual. No caso de diesel, a alíquota será de R$ 0,69.

E por que o governo atuou?

Senacom: com informações sobre aumento de preços dos combustíveis sendo compartilhadas em redes sociais e na imprensa, a Senacon notificou entidades pedindo esclarecimentos sobre aumentos de preços em postos do país.

Cade: o órgão, que fiscaliza o respeito à concorrência no Brasil, pediu a instauração de um inquérito por ver indícios de “ação orquestrada” e “infração da ordem econômica” na alta dos preços de combustíveis no início deste ano. O ofício do Cade cita exemplos de aumentos repentinos em Distrito Federal, Espírito Santo, Pernambuco e Minas Gerais logo após a mudança do governo.

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