Fonte: Diário do Comércio / imagem: CJJ
As 22.470 revendas de gás liquefeito de petróleo (GLP) autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em Minas Gerais já estão aptas a aderir ao programa Gás do Povo. A adesão começa nesta quinta-feira (23) pela Caixa Econômica Federal. Em Belo Horizonte, são 1.246 revendas que poderão participar da iniciativa, que promete garantir a recarga gratuita do botijão de 13 kg para famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).
O programa é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), com o apoio da Caixa, responsável pela habilitação das empresas e pelos pagamentos.
A expectativa do governo é beneficiar mais de 15 milhões de famílias, o que representa cerca de 50 milhões de brasileiros. Em Minas, onde o preço de referência do botijão foi fixado em R$ 94,19, a expectativa é de forte adesão das revendas, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás).
Entusiasmo e dúvidas entre as revendas
Segundo o presidente do Sindigás, Sérgio Bandeira de Mello, o setor está entusiasmado e engajado com o novo programa, embora ainda haja dúvidas sobre os procedimentos operacionais, como a validação das recargas e o recebimento dos valores pela Caixa Econômica Federal.
“As revendas estão muito entusiasmadas, mas também ansiosas. São muitas informações novas, como identificar o beneficiário, como será o pagamento, qual o prazo de liquidação. São experiências que precisarão ser vividas, mas o clima é de colaboração e expectativa positiva”, afirma o presidente.
Pagamentos rápidos e operação sem custo
De acordo com informações apresentadas pela Caixa Econômica Federal, as revendas participantes terão conta corrente gratuita na instituição e receberão os valores referentes às recargas em até dois dias úteis após a validação pelo sistema do banco, feita via aplicativo ou pela máquina “Azulzinha”.
O presidente do Sindigás destaca que essa liquidez rápida é essencial, já que a maioria das vendas de gás no país é feita à vista, em dinheiro ou Pix. “Como o gás é um produto básico da cesta das famílias, é muito importante que a revenda tenha um pagamento rápido, para manter o custo mais baixo possível”, pontua.
Potencial de crescimento nas vendas
O setor estima que o Gás do Povo possa gerar um aumento entre 7% e 8% nas vendas anuais de GLP em todo o País, podendo chegar a até 25% de incremento nas revendas que aderirem ao programa em regiões com grande número de beneficiários.
“O mercado brasileiro vende cerca de 400 milhões de cargas de gás por ano. Com o programa, o governo pretende entregar até 65 milhões de recargas gratuitas por ano, quando estiver em pleno funcionamento. Parte disso já é consumo existente, mas o incremento é significativo. A gente pode dizer que de 400 milhões de gás vendidos por ano, pode aumentar para 430 milhões”, explicou Mello.
Para Sérgio Bandeira de Mello, o Gás do Povo representa um avanço importante no combate à chamada pobreza energética, especialmente em regiões onde famílias ainda dependem da lenha para cozinhar.
“O foco que a gente tem que dar ao programa é o combate à pobreza energética. Hoje, cerca de 23% da matriz energética residencial do Brasil ainda vem da lenha. E não é a lenha romantizada do fogão mineiro, mas a lenha usada por precariedade, em condições rudimentares”, destaca.
“O diferencial agora é que o programa garante a destinação específica: a recarga é gratuita, feita na revenda credenciada. Isso dá mais efetividade à política pública”, destacou Mello.
“Esse programa não é apenas sobre vender gás. É sobre reduzir o consumo de lenha e combater a pobreza energética. É um passo concreto em direção a uma transição energética justa e inclusiva”, afirmou.
Segundo ele, os resultados sociais mais expressivos devem ser observados a médio prazo, com estudos do IBGE e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicando se o programa conseguiu diminuir o uso da lenha e ampliar o acesso ao GLP.
As revendas interessadas em participar do Gás do Povo devem acessar o portal da Caixa Econômica Federal e seguir o Manual Operacional do programa, aceitando o termo de adesão. A participação é voluntária e sem custo para as empresas.
O pagamento das recargas será feito com base no preço de referência definido por estado pela Portaria Interministerial MME/MF nº 2/2025. No caso de Minas Gerais, o preço de referência é de R$ 94,19 por botijão de 13 kg.