Fonte: EXTRA RJ

Todos os dias, às 7h30, Ana Paula de Jesus Oliveira, de 33 anos, inicia sua batalha em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, consciente do papel que desempenha na sociedade: “Sabemos que o nosso trabalho é essencial para a vida”. Ela é gerente operacional da Copagaz, empresa de engarrafamento, distribuição e comercialização de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Cerca de 80% da população do estado do Rio, ou mais de 13 milhões de habitantes, usam botijão de gás em suas casas, o que torna os trabalhadores dessa cadeia fundamentais para o combate à pandemia do novo coronavírus.

Ana Paula sabe dos riscos que corre junto com seus colegas, que estão na linha de frente dessa batalha travada contra a doença. Eles são os personagens do capítulo de hoje da série “Os Essenciais”, na qual o EXTRA mostra os desafios enfrentados por quem tem que trabalhar neste momento. O time de Ana, com 51 profissionais, está modificado, já que alguns precisaram ser afastados por fazerem parte do grupo de risco. Contratações temporárias foram feitas para suprir as ausências.

— Temos receios, como todo mundo. Porém, não podemos parar. Estamos atentos às práticas de higiene recomendadas, e exijo isso da equipe, assim como também tento acalmá-la — conta Ana Paula, que logo ao chegar à empresa verifica a produção de gás necessária para o dia e depois organiza a distribuição, coordenando seu pessoal.

A gerente operacional relata que o dia a dia não tem sido fácil. Ela explica que impôs uma rotina muito rígida de higiene a si mesma para não levar o vírus para dentro de casa. Ao chegar do trabalho, vai direto para o banho e põe as roupas para lavar. Só depois vai falar com o marido. Além disso, por estar exposta nas ruas, não tem visto pessoas queridas desde o início do isolamento social.

— Não vejo meu pai, que é idoso e está sofrendo muito sozinho. Ligo todos os dias para ele, mas é muito difícil. O meu desejo é que esse momento acabe logo. Mas, enquanto isso, preciso trabalhar. Esse vírus está entrando na mente e no coração das pessoas. Eu agradeço a quem está em casa para que eu e minha equipe tenhamos menos riscos — afirma Ana Paula.

De acordo com informações do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), o consumo de gás pelas famílias fluminenses aumentou entre 6% a 10% desde o isolamento.

Peso nas costas e otimismo

José Carlos Almeida Alves, de 38 anos, é um dos trabalhadores essenciais que estão garantido a normalidade nas casas, como entregador de gás da Supergasbras, empresa de engarrafamento, distribuição e comercialização de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Ele trabalha há 12 anos na companhia, é casado e mora com um dos filhos. Gosta do ofício por ter contato com o público, que agora está um pouco diferente.

— Gosto de falar com as pessoas. Para alguns, eu já faço entrega há 15 anos. Agora, a gente continua indo com o caminhão até as casas dos clientes, mas de máscara e com álcool em gel. Eles conversam sobre o que está acontecendo, mas temos que ficar mais distante — afirma.

A mulher de José Carlos também está trabalhando na rua, numa lotérica, e o filho assiste a aulas pela internet. A família tem se prevenido para manter o vírus longe de casa.

— Não tenho medo, tomo os cuidados, mas esperamos que a rotina volte ao normal — diz ele.

Demanda pressiona equipes

Com as medidas de isolamento no estado, bares e restaurante tiveram uma queda na demanda por gás. Nos lares, o consumo aumentou além das expectativas. Diante da incerteza, muitos consumidores compraram mais do que o necessário para estocar. Essa prática desnecessária gera um trabalho extra para os profissionais do setor.

— Um botijão de gás leva, em média, 18 minutos para chegar a uma residência após o pedido. Todas as equipes das distribuidoras e das revendas estão trabalhando sob normas de higiene muito mais rigorosas para garantir o suprimento, mesmo com alta demanda — explica Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás, que reúne as empresas distribuidoras de GLP no país.

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