As oscilações de preço do GLP são temas recorrentes no noticiário, especialmente por se tratar de um produto consumido por mais de 91% das famílias brasileiras. Recentemente, ganharam destaque as altas em torno de 40% desde maio. A informação transmitida assim, de forma incompleta, causa sempre um enorme ruído na sociedade. O complemento muitas vezes suprimido é o de que esses aumentos são referentes ao preço do produtor, não para o consumidor final.

Ao longo de 2020, no entanto, o reajuste acumulado do preço do produtor foi de 16%. No começo do ano, até maio, registraram-se cinco quedas de preço.  A informação mais relevante, que não é divulgada pela imprensa, vem da ANP, responsável pelo monitoramento dos preços de venda do botijão de gás em âmbito nacional. A Agência apurou que no acumulado dos últimos 12 meses (setembro 2019 a agosto 2020), dado mais recente, o preço do botijão de gás subiu 1,6% para o consumidor final, abaixo da inflação no período. A média de preços no Brasil mudou, nesse intervalo de tempo, de R$ 68,86 para R$ 69,98.

E por que tanta tensão no debate sobre as oscilações dos preços do gás de cozinha? Entre as diversas razões está a de que saímos de um custoso sistema de artificialização de preços, que escamoteia vários malefícios para empresas, governo e, em última análise, também para a sociedade. Contudo, fica a falsa sensação de que preços congelados ou com variações mínimas é a melhor alternativa. Vale lembrar que o GLP comercializado no Brasil tem parcela importante originada da importação, que o submete às oscilações dos preços internacionais e da cotação do dólar.

A oscilação de preços é salutar para a economia, pois enviam sinais adequados para os consumidores usarem com racionalidade os produtos, exercerem seu poder de compra e escolherem a marca preferida e o preço justo. A oscilação dos preços incentiva os mecanismos de competitividade e os investimentos em infraestrutura para melhoria contínua nos níveis de serviço.  Mas, quando se trata de GLP, ainda estamos imaturos para lidar com oscilações de preço. Quando são transmitidas de forma equivocada, o estrago é ainda maior. O que é trivial em um mercado livre, onde existe concorrência, torna-se algo apavorante, quase proibitivo.

Sergio Bandeira de Mello – Presidente do Sindigás

Categorias: Sindigás Opina

Copyright © 2016 - Sindigas - www.sindigas.org.br — Todos os direitos reservados - Política de Privacidade