Fonte: Sindigás

O GLP é um energético de extrema relevância no Brasil, com presença em mais de 90% dos domicílios e distribuição em 100% dos municípios brasileiros. A essencialidade do produto está principalmente associada ao seu principal uso no segmento residencial: o preparo das refeições, o que torna o gás de cozinha indispensável para a alimentação do brasileiro, tal qual o arroz e o feijão. São quase 66 milhões de famílias que utilizam o botijão de cozinha. E como um combustível extremamente versátil que é, ele não está limitado apenas ao fogão, mas pode ser usado em lavadoras e secadoras, para aquecer a água do banho, climatizar os ambientes, entre muitas outras aplicações.

Fora do segmento residencial, o GLP mantém sua importância. O produto está inserido nas operações de diferentes tipos de negócio, de estabelecimentos comerciais e de serviços até indústrias e o agronegócio. No segmento comercial, o GLP pode ser usado em bares, restaurantes e padarias, e ainda em churrasqueira, fogão comum e industrial, forno de pizza e de outros tipos, fritadeira, caldeirão industrial, torneira, lavadora de louça, freezer etc. Já nos hipermercados, é utilizado como combustível para empilhadeiras, sempre com muitas vantagens frente aos outros energéticos.

No ramo dos serviços, o GLP também é uma opção vantajosa para academias de ginástica, clubes, escolas, hospitais, hotéis e pousadas, tinturarias e lavanderias, entre outros segmentos.

Na indústria, o GLP também tem inúmeras aplicações: geração de calor para processos; aquecimento de água; agente espumante, propelente, lubrificante e desmoldante, além de matéria-prima para produtos petroquímicos. Por ter alto poder calorífico, o GLP é capaz de colocar em funcionamento grandes instalações industriais e, por ser um combustível muito limpo, pode entrar em contato direto com produtos como cerâmica fina e vidro, sem nenhum prejuízo à pureza e à qualidade dos materiais.

No agronegócio, o GLP pode ser utilizado para aquecimento de ambientes na avicultura e suinocultura; higienização de áreas de criação de aves e suínos; chamuscagem de pele animal; combate contra pragas e erva daninha nas plantações; controle de temperatura das estufas de plantas, flores e frutas; geração de ar quente e vapor; secagem e torrefação de grãos; esterilização de áreas de armazenamento das colheitas; secagem e desidratação de flores, frutas e tubérculos; irrigação de plantações; combustível para empilhadeiras.

Hoje, o GLP só responde por 3,2% da matriz energética nacional, menos que a lenha e o gás natural e muitíssimo menos que o óleo diesel e a eletricidade. Pelo potencial do energético, é uma marca lamentável. Embora o GLP esteja em 100% dos municípios, a lenha persiste como fonte energética com amplo uso na Matriz Energética Residencial, uma marca triste, que resiste ao tempo. De acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN) 2022 – ano base 2021, a lenha tem 26,1% de participação, na frente do GLP, com 22,9%.

É notório que o GLP tem um papel importante a desempenhar na matriz energética brasileira e na economia do país. As vantagens deste energético extrapolam as cozinhas, mas o Brasil ainda possui barreiras legais anacrônicas, como as restrições ao uso impostas há quase 30 anos (Lei 8.716, de 8/2/1991), que impede o maior aproveitamento desta energia limpa e com alta capilaridade logística, restringindo as opções de energéticos para o consumidor.

É preciso buscar caminhos para modificar essa realidade, uma vez que, de acordo com levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil poderá se tornar exportador líquido de GLP próximo a 2030, com o crescimento expressivo da produção oriunda de Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGNs). De acordo com dados da EPE, a produção de GLP advinda de UPGNs alcançará 26,8 mil m³/d em 2031, volume muito superior aos 8,9 mil m³/d produzidos em 2019 nessas unidades. Ainda segundo pesquisa da EPE, entre 2019 e 2031, a produção de GLP deverá crescer em ritmo mais acelerado (+4,6% a.a.) do que a demanda nacional (+1,4% a.a.), reduzindo paulatinamente as importações do produto, até se tornar um superávit na segunda metade da década. As projeções da EPE mostram também que, em 2031, as exportações líquidas de GLP representarão 7% da produção nacional.

Por isso, esperam-se mudanças significativas no setor de GLP nos próximos anos. Facilidade de armazenamento e de transporte, portabilidade, segurança, grande eficiência térmica e limpeza da queima, baixas emissões e fantásticas comodidades fazem com que o GLP seja amplamente usado, em todo o mundo, nos variados setores econômicos. Esse leque de atributos e oportunidades também precisa ser mais bem aproveitado aqui no Brasil.

Sergio Bandeira de Mello – Presidente do Sindigás

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