Fonte: Sindigás

A busca por uma matriz energética mais limpa passa pela mudança do modelo de consumo baseado em combustíveis fósseis para um padrão de baixa emissão de carbono, com ênfase em fontes renováveis. Nesse contexto, o GLP se apresenta como um energético de transição capaz de responder a muitos desafios e com enorme potencial de contribuição para uma matriz energética ambientalmente amigável, de menor pegada de carbono e baixa emissão de poluentes.

Além de ser uma energia verde, de queima limpa, o GLP tem a grande vantagem de ser extremamente versátil, podendo ser aplicado em todos os setores da economia, não apenas no segmento residencial, com ampla gama de usos. Vale destacar ainda a sua disponibilidade, uma vez que o GLP é distribuído em todos os municípios brasileiros, por meio de um sistema logístico de extensa capilaridade e muito eficiente, de pronta entrega. É importante destacar que as projeções de superávit na disponibilidade do GLP são capazes de responder ao aumento da demanda de energia para o crescimento do Brasil, tanto em termos populacionais quanto econômicos, com segurança no abastecimento e uma estrutura de estocagem competitiva e de baixo custo.

Há alguns pontos para ressaltar em relação ao GLP que colocam esse energético excepcional em posição de vantagem como um forte aliado no processo de transição energética. O primeiro deles é que estudos[1] apontam que há tecnologias em desenvolvimento para a produção de GLP a partir de fontes renováveis, abrindo um novo caminho para posicioná-lo como vetor energético altamente ecológico. Segundo a WLPGA, Associação Mundial de GLP, na tradução da sigla para o português, em 2020, começaram a ser produzidas, em caráter experimental 250 mil toneladas por ano de GLP, sendo a maior parte HVO (Hydrotreated Vegetable Oil ou Óleo Vegetal Hidrotratado), biopropano.

Adicionalmente, no Brasil, a produção de GLP aumentará, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, de 18,4 (2021) a 24,7 (2030) mil toneladas por dia. O aumento será devido principalmente à produção oriunda das UPGNs, acrescendo cerca de 15 mil metros cúbicos por dia (8.300 ton GLP/dia) em 2030, em relação à produção em 2019. Assim espera-se que o GLP atinja sua autossuficiência até 2030.

O GLP também tem um papel decisivo na transição energética ao se tratar da pobreza energética. Eliminar o uso da lenha e de combustíveis perigosos, inapropriados para o consumo, que são altamente poluentes, é uma realidade que pode ser alcançada por meio de políticas públicas. Elas devem ser focalizadas – dirigidas a quem precisa, de fato, de benefício para ter acesso ao GLP – e com recursos “carimbados”, ou seja, com destinação específica, de forma a evitar seu desvio para outras necessidades do público atendido.

Por todo o exposto, é imprescindível considerar uma ampla participação do GLP na matriz energética nacional, se tivermos o objetivo de buscar uma transição energética segura para uma matriz mais limpa. Não se pode subestimar o potencial desse energético, nem relativizar a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável da nossa economia. É imperioso que o GLP seja tratado como energético de transição, em harmonia com outros gases combustíveis, recebendo o mesmo tratamento isonômico.

[1] GLP, energético de transição. Fernando Corner. 2021. Acesso.

 

Sergio Bandeira de Mello

Presidente do Sindigás


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