Fonte: Sindigás

O ano de 2022 trouxe muitos desafios para o setor de GLP. A guerra entre Rússia e Ucrânia intensificou as pressões sobre o preço do petróleo e seus derivados, consequentemente também o do GLP. Cenários de tendência de alta dos preços trazem questionamentos, geram tensões e fazem surgir ideias fáceis, mas infelizes, para contornar problemas complexos. O ambiente adverso, fomentado pela alta da inflação e corte do auxílio emergencial, trouxe queda nas vendas do produto, especialmente o embalado em botijões de até 13 quilos. É fato que a retomada da atividade econômica deslocou parte do consumo doméstico para bares e restaurantes que usam embalagens maiores que a de 13 quilos, o que também impactou o consumo de botijões.

Tempos difíceis também são momentos de muitas reflexões e oportunidades. Nesse sentido, 2022 trouxe avanços em temas sociais e construção de agendas para o novo governo. O debate sobre a assertividade do Auxílio Gás como política social foi um aspecto de destaque. Criado em 2021, o programa não impactou fortemente as vendas de GLP (energético escolhido pelo Governo como alvo do benefício por seus atributos). Isso significa que o programa, apesar de ser um passo importante e uma demonstração de sensibilidade do Congresso Nacional, não teve a destinação de recursos adequada, diante das inúmeras prioridades das famílias desfavorecidas. Dessa forma, não conseguiu cumprir o objetivo primordial: combater a pobreza energética.

Na visão do setor, o programa social deve mirar no combate à pobreza energética para, assim, garantir que o recurso seja direcionado exclusivamente à aquisição do energético visando substituir a lenha na matriz residencial doméstica. Ficou claro, diante dos resultados observados, que um programa social deve focalizar nos mais vulneráveis dentro da capacidade fiscal e ter os recursos “carimbados”. Só assim, neste caso, seria possível combater o uso da lenha “catada”, como restos de madeira, caixotes e gravetos. Tanto a lenha quanto outros combustíveis perigosos para o preparo de refeições geram riscos de acidentes domésticos e inúmeros problemas graves à saúde.

Acreditamos que o ano de 2023 será propício ao debate. Sabemos do interesse do novo governo em políticas sociais e acreditamos que, com aperfeiçoamentos no programa Auxílio Gás, o GLP poderá ocupar lugar de destaque no combate à pobreza energética. O setor também renovará, em 2023, seus esforços para que sejam extintas as anacrônicas restrições ao uso do GLP. Nosso intuito é aumentar as possibilidades de escolha dentro do mercado brasileiro de energia, de forma a permitir que o consumidor tenha acesso ao GLP também para fins já consagrados internacionalmente e que vêm sendo ampliados quando se buscam energias com menor pegada de carbono.

Em 2023, estaremos prontos e queremos contribuir na construção de soluções para os desafios do setor, considerando o bem-estar, a segurança e a satisfação do consumidor como pontos centrais de todas as nossas iniciativas.

Sergio Bandeira de Mello

Presidente do Sindigás


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