Fonte: Sindigás

Um debate importado e sem sentido volta ao noticiário: o de que o fogão a gás é perigoso para a saúde, devido a uma equivocada suspeição de que esse equipamento gera alto risco de liberação de gases tóxicos. É sabido – e óbvio – que a queima de energéticos e mesmo o aquecimento de alimentos geram gases e alguns particulados. Não fosse assim, nem cheiro de comida sentiríamos ao cozinhar. Porém, no caso em questão, o do GLP, essa quantidade é mínima e totalmente inofensiva à saúde.

Recentemente, foi divulgado um estudo de uma renomada universidade americana alardeando que algumas concentrações de benzeno que, ocasionalmente, possam ser formadas poderiam ser danosas à saúde. Nitidamente, um lobby feito nos Estados Unidos em prol da eletrificação, invertendo a lógica do problema. O perigo não são os fogões, mas sim, os riscos envolvidos em algumas cozinhas de residências norte-americanas, que, eventualmente, contam com ventilação precária. O foco do problema, que deveria ser o ponto de atenção dos artigos, é a renovação de ar falha e não o energético usado. Em letras menores, os artigos apontam que, com o auxílio de coifas e outros artifícios de ventilação, mesmo essas cozinhas podem ter suas condições ambientais sensivelmente melhoradas.

Portanto, não se pode falar em perigos do fogão a gás, mas em condições inadequadas para seu uso, que são facilmente corrigidas com a abertura para ventilação do ambiente, seja por janelas e portas, seja por uso de coifas ou outras alternativas de retirada e renovação do ar. Sanado esse aspecto inapropriado, que ocasiona a falta de circulação, ventilação e renovação do ar, o fogão a gás é perfeitamente seguro, eficiente e com custo-benefício muito superior ao da eletricidade.

É possível aferir, sem medo de errar, que um aparelho de ar-condicionado, usado sem manutenção e limpeza de filtros, pode ser infinitamente mais danoso à saúde do que o inocente fogão em uma cozinha devidamente ventilada, especialmente quando falamos da realidade do Brasil, onde as cozinhas costumam ser muito arejadas.

Ao se trazer esse debate para o Brasil, é preciso recapitular antes um quadro dramático do país, que é a sua matriz energética residencial com 26% ocupada pela lenha, esse sim, um combustível cuja queima é extremamente nociva. Gera gases tóxicos em alta concentração, com prejuízos graves à saúde, em especial de mulheres e crianças, que passam mais tempo expostas à fumaça. A solução aqui é prover maior acesso dessas populações aos gases para cocção. O GLP é o mais elegível ao consumo massificado, devido a sua distribuição em 100% dos municípios brasileiros e, ainda, à disponibilidade dos fogões a gás em 98% dos lares, segundo dados do IBGE.

Apenas para ilustrar a vantagem também econômica do GLP sobre a energia elétrica, o Sindigás calculou os custos do uso dessas energias, em várias simulações de preços, atestando que o GLP tem custo mais baixo quando comparado à energia elétrica. A conta foi feita com base nos dados públicos[1] sobre a tarifa de energia elétrica, disponíveis nos sites da ANEEL, Light e Elektro; e da ANP, acerca dos valores para o GLP.

Levando-se em conta, por exemplo, o custo de um fogão movido a GLP e uma Air Fryer, tão em moda ultimamente, o uso do GLP é 70% mais barato no preparo do bolo e do arroz no Rio de Janeiro; e 62% mais barato para cozinhar o arroz de forno e o bolo em São Paulo. Na comparação do forno a GLP com a panela elétrica, o GLP continua sendo mais competitivo. No Rio de Janeiro, preparar um bolo ou arroz de forno com GLP é 37% mais econômico do que em forno elétrico; já em São Paulo, o mesmo preparo tem custo 20% mais baixo com GLP na mesma comparação.

É importante termos claro que o debate sobre a toxidade do uso de fogões a gás é descabido, aqui ou fora do Brasil, e no nosso caso temos desafios muito mais importantes a vencer como sociedade. Para a nossa população, o GLP é um poderoso aliado e não um adversário a ser combatido.

Sergio Bandeira de Mello

Presidente do Sindigás

[1]Fontes:

ANEEL: https://portalrelatorios.aneel.gov.br/luznatarifa/rankingtarifas

Light: https://www.light.com.br/SitePages/page-entenda-a-conta-da-sua-casa.aspx

Elektro: https://www.neoenergiaelektro.com.br/sua-casa/tarifas-taxas-e-tributos

ANP: https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/precos-e-defesa-da-concorrencia/precos

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