Fonte: O DIA online

A proposta de oferecer tal serviço vem de fabricantes de equipamentos que querem vender suas balanças, medidores, tanques e outros maquinários para prestar um serviço perigoso e que não é desejado por ninguém

Rio – A proposta de recarga de botijões de GLP (popularmente conhecido como gás de cozinha), de forma volante, é inviável como negócio. No Brasil, persiste a ideia de que este modelo vai levar o gás a preços mais baixos para a sociedade, e ainda permitir que o consumidor compre a quantidade que deseja. No entanto, estudo da consultoria econômica LCA verificou que permitir o modelo de enchimento parcial e volante de pequenos cilindros fará o consumidor que pagar mais caro pelo gás. A razão é simples: esse formato traz ineficiências do ponto de vista logístico e econômico e traria prejuízos à segurança e à qualidade do abastecimento.

Esse novo modelo está na contramão do que há décadas é feito com eficiência e segurança – os botijões vazios vão até centros de recarga para serem inspecionados, abastecidos e, então, entregues na porta do consumidor final. No Paraguai, onde a empresa de petróleo estatal local oferece recarga de gás porta a porta, o que se vê é um serviço totalmente desajustado, perigoso e com várias irregularidades, como o desrespeito à marca da empresa fornecedora do gás, estampada no botijão.

O enchimento de botijões de gás de outras marcas cria uma situação de total insegurança para o consumidor, que em caso acidente não poderá mais reclamar a responsabilidade de um ou de outro, pois tanto a empresa que abastece o botijão de gás quanto a empresa da marca estampada no recipiente poderão alegar que não podem garantir quem fez aquela venda. O respeito à marca estampada em alto relevo no corpo do cilindro de gás não é uma exigência sem justificativa, é um requisito que garante a responsabilidade administrativa, civil e criminal sobre problemas que possam vir do estado de conservação da embalagem. Faz com que os responsáveis pelas marcas assumam os custos da manutenção e do perfeito estado de conservação e uso dos milhares de botijões que circulam no mercado.

No caso paraguaio, em visita ao país, verifiquei que ao contrário do prometido ao consumidor, o caminhão que recarrega os cilindros não ia de porta em porta, mas parava na rua e fazia um processo de enchimento de gás em condições precárias, com o risco de, se houver vazamento de gás, ocorrer um acidente de proporções imprevisíveis

É curioso que a proposta de oferecer serviços desta natureza não encontra apoio ou demanda por parte dos consumidores, que não precisam – nem querem – comprar um pouquinho de GLP. Preferem sempre comprar a maior quantidade pela qual podem pagar, porque dispõem de alternativas de tamanhos menores de botijões e também têm a possibilidade de parcelar o pagamento com o cartão de crédito. A proposta de oferecer tal serviço vem de fabricantes de equipamentos que querem vender suas balanças, medidores, tanques e outros maquinários para prestar um serviço perigoso e que não é desejado por ninguém.

Sergio Bandeira de Mello – Presidente do Sindigás

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