Fonte: CBIE

Depois de ter sido destruída pelo governo do PT, a Petrobras vem sendo reconstruída através de adoção de um modelo que chamaria de transformacional. Os pilares são redução de custos, disciplina de capital, venda de ativos, respeito ao acionista e foco nos investimentos em exploração e produção, em particular, no pré-sal.

Vamos aos números. Nos governos Lula e Dilma, a Petrobras anunciava investimentos sem preocupação com o retorno para o acionista e custos crescentes. Mais de R$ 40 bilhões foram gastos em refinarias que não saíram do papel, como as do COMPERJ e só se construiu metade da RNEST, ambas com enorme sobrecusto. A política de preços de combustíveis defasados frente ao mercado internacional custou R$ 60 bilhões ao caixa da empresa. Em 2014, a dívida da empresa alcançou US$ 130 bilhões, com uma alavancagem superior a 5X.

A crise de confiança só começou a ser revertida no Governo Temer e continua no governo Bolsonaro, com a guinada na direção de um novo modelo que dá início a uma refundação da Petrobras. Os preços de combustíveis passam a ser alinhados aos do mercado internacional, começa uma política de corte de custos, a dívida passa a ser renegociada com os credores e é colocado em pratica um plano de desinvestimentos de ativos que são considerados fora do core business da empresa.

Entre os ativos vendidos, se destacam as refinarias no Japão de Okinawa por US$ 165 milhões e a de Pasadena nos Estados Unidos por US$ 467 milhões. Em 2017, a Petrobras finalizou a venda de 90% da transportadora de gás do Sudeste (NTS) para a Brookfield por US$ 4,2 bilhões. Em 2019, a empresa vendeu 90% da transportadora de gás do Nordeste (TAG) para a Engie por US$ 8,7 bilhões. No caso da BR Distribuidora, o modelo escolhido foi a venda de ações na bolsa que renderam a empresa um caixa de US$ 2,6 bilhões fazendo que a Petrobras deixasse de ter posição majoritária e passasse a ser uma acionista relevante com 37,5% da empresa. No segmento de E&P, a grande mudança aconteceu quando a Petrobras vendeu sua participação de 66% no Campo de Carcará, no pré-sal, para a Equinor por US$ 2,5 bilhões.

Em 2019, o maior investimento da Petrobras foi a compra do Campo de Búzios no leilão da chamada Cessão Onerosa. O campo possui reservas estimadas de 10 bilhões de barris e é o segundo maior em produção no Brasil, com 380 mil boe/d produzidos de óleo e gás. Essa aquisição mostrou de forma clara que o foco da nova Petrobras é investir no pré-sal, onde a empresa tem as melhores taxas de retorno.

O desafio da Petrobras em 2020 será a venda das refinarias, distribuidoras de gás (Gaspetro) e usinas termoelétricas. Para a venda de refinarias e distribuidoras de gás, a Petrobras assinou um Termo de Compromisso de Concessão (TCC) com o CADE para reduzir a participação nestes segmentos até 2021. No setor de refino, a Petrobras vai se desfazer de 50% de sua capacidade, com a venda da RNEST em Pernambuco, RLAM na Bahia, REPAR no Paraná e REFAP no Rio Grande do Sul. Em uma segunda fase serão vendidas a REGAP em Minas Gerais, REMAN no Amazonas, SIX no Paraná e LUBNOR no Ceará.

No caso da venda da Gaspetro, a Petrobras precisa acertar o melhor arranjo com a sócia Mitsui, que possui 49% das ações. Está sendo considerado um modelo de venda semelhante ao que foi feito na BR Distribuidora, tanto para as distribuidoras de gás quanto para as térmicas. Neste processo, as empresas são lançadas no mercado acionário através de um IPO e então a Petrobras vende suas ações.

No novo Plano Estratégico 2020-2024, a Petrobras vai destinar 85% dos recursos para o E&P. A empresa projeta produzir 3,5 milhões de boe/d de óleo e gás em 2024 e estabelece um patamar para sua capacidade de refino de 1 milhão de b/d. Nas projeções financeiras, a Petrobras espera reduzir a dívida para US$ 60 bilhões já em 2021. Isso vai permitir uma maior distribuição de dividendos, colocando a empresa como um ativo de classe mundial. E assim, a Petrobras volta a ser orgulho dos brasileiros e dos seus acionistas.

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